A espiritualidade nos currículos das escolas médicas da região norte e a visão do interno de medicina sobre sua importância na formação

Simone Regina Souza da Silva Conde, Luis Eduardo de Carvalho Barros, José Heitor Borburema de Oliveira, Ulisses Tavares de Arruda Tavares de Arruda, Sylvia Helena Souza da Silva Batista, Nildo Alves Batista

Resumo


Introdução: O cuidado ampliado à saúde deve incluir o bem-estar espiritual. No Brasil, estudos prévios demonstram pouca inserção da espiritualidade nos currículos das áreas de saúde. Objetivo: Este estudo investigou a presença desta temática nos currículos das escolas médicas da região Norte do país e analisou a visão do interno de medicina sobre a importância do tema e seu próprio bem-estar espiritual. Método: Desenvolvida pesquisa do tipo transversal e descritivo, explorando projetos pedagógicos de dezessete escolas médicas; acrescido da aplicação de duas escalas tipo likert a 92 graduandos do último semestre de medicina, oriundos duas escolas médicas da região. A primeira escala versou sobre três dimensões (Espiritualidade e Saúde, Espiritualidade e Doença, Espiritualidade e Formação Médica), com pontuações de 1 a 4. As médias das assertivas foram divididas em três intervalos de pontuação: de 1 a 1,99 – zona de perigo; de 2 a 2,99 – zona de alerta; e de 3 a 4 – zona de conforto, conforme o comportamento atitudinal do grupo. Após a aplicação do questionário houve o processo de validação e de confiabilidade da mesma. A segunda escala se referiu ao bem-estar espiritual com o uso do escore FACIT-Sp‑Non‑Illnes – Version4, entre 0 a 48 pontos. Resultados: Dezesseis instituições responderam ao questionário e em 12,5% se identificou a presença da temática espiritualidade, em seus currículos. As médias dos escores das dimensões espiritualidade e saúde, espiritualidade
e doença e espiritualidade e formação foram 3,29; 3,47 e 2,61, respectivamente, revelando fragilidade no aspecto de formação. O escore final do bem-estar espiritual dos graduandos dos cursos foi de 37 pontos. Conclusão: Concluiu-se que há baixa inserção da espiritualidade nos currículos, e, apesar dos graduandos estarem em bem-estar espiritual e reconhecerem sua importância, há grandes lacunas em sua formação.


Palavras-chave


Currículo; Espiritualidade; Educação de graduação em medicina.

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DOI: https://doi.org/10.4322/ijhe.v4i1-2.372

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