Plano de parto: uma estratégia para reduzir atos de violência obstétrica?

Karine Santos Machado, Adriana Paiva Camargo Saraiva, Liwcy Keller de Oliveira Lopes Lima

Resumo


Objetivo: analisar a utilização do plano de parto como estratégia na redução de atos de violência obstétrica. Método: Trata-se de um estudo de caso-controle, com um grupo de mulheres que utiliza o plano de parto (caso) e outro que não utiliza (controle). A amostra do estudo foi composta por 30 mulheres maiores de 18 anos com dados prováveis de nos meses de agosto, setembro e outubro de 2018, acompanhadas em seu pré-natal pelas equipes de saúde das clínicas de saúde da família e que realizaram seu parto em um dos hospitais do município de Conceição do Araguaia-PA. Resultados: a maioria das condutas desrespeitosas, que incluem procedimentos realizados sem a permissão ou explicação de sua indicação, assim como jejum, decúbito, amniotomia,toques vaginais excessivos e restrição do direito ao acompanhante foram mais frequentes no grupo de mulheres sem plano de parto. Das mulheres do grupo com plano de parto, 83,3% não sofreram atos de violência obstétrica. Conclusão: Apesar da limitação do número amostral, os resultados demonstraram uma taxa secundária de atos que caracterizam violência obstétrica com plano de parto, indicando que o uso do plano de parto tem potencial para reduzir atos de negligência, desrespeito e abuso no processo de parturição.

Palavras-chave


Cuidado pré-natal. Violência Contra a Mulher. Parto humanizado.

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DOI: https://doi.org/10.4322/ijhe.v5i2.408

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